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A Divina Comédia
Poema épico de Dante Alighieri
Divina Comédia é a obra prima de Dante
Alighieri, que a iniciou provavelmente por volta de 1307, concluindo-a
pouco antes de sua morte (1321). Escrita em italiano, a obra é um poema
narrativo rigorosamente simétrico e planejado que narra uma odisséia pelo
Inferno, Purgatório e Paraíso, descrevendo cada etapa
da viagem com detalhes quase visuais. Dante, o personagem da história,
é guiado pelo inferno e purgatório pelo poeta romano Virgílio, e no céu
por Beatriz, musa em várias de suas obras.
O poema possui uma impressionante simetria matemática baseada no número
três. É escrito utilizando uma técnica original conhecida como terza
rima, onde as estrofes de dez sílabas, com três linhas cada, rimam
da forma ABA, BCB, CDC, DED, EFE, etc. Ou seja, a linha central de cada
terceto controla as duas linhas marginais do terceto seguinte. Veja um
exemplo (primeiras estrofes do Inferno):Diagrama representando o esquema poético da Divina Comédia (terza rima). As letras representam o som das últimas sílabas de cada verso das estrofes de três sílabas (tercetos). Ilustração de Douglas Hofstadter retirada do seu livro Le Ton Beau de Marot. |
Dante chamou a sua obra de Comédia. O adjetivo "Divina" foi acrescido pela primeira vez em uma edição de 1555.
A Divina Comédia excerceu grande influência em poetas, músicos, pintores, cineastas e outros artistas nos últimos 700 anos. Desenhistas e pintores como Gustave Doré, Sandro Botticelli, Salvador Dali, Michelangelo e William Blake estão entre os ilustradores de sua obra. Os compositores Robert Schumann e Gioacchino Rossini traduziram partes de seu poema em música e o compositor húngaro Franz Liszt usou a Comédia como tema de um de seus poemas sinfônicos. O escultor Auguste Rodin usou a Comédia como inspiração para suas principais obras, entre elas, O Pensador, que representa o próprio Dante, O Beijo, inspirada no drama de Paolo e Francesca (Inferno, Canto V) e Ugolino e seus filhos, que retrata a tragédia do Conde Ugolino narrada no Canto XXXIII. Todas compõem sua obra-prima Porta do Inferno que representa nada menos que o Inferno de Dante.
"Dante e seu Poema". Pintura de Domenico di Michelino (1460). Imagem pertencente à Corbis Image Collections. |
Síntese: Inferno
Quando Dante se encontra no meio da vida, ele se vê perdido em uma floresta escura, e sua vida havia deixado de seguir o caminho certo. Ao tentar escapar da selva, ele encontra uma montanha que pode ser a sua salvação, mas é logo impedido de subir por três feras: um leopardo, um leão e uma loba. Prestes a desistir e voltar para a selva, Dante é surpreendido pelo espírito de Virgílio - poeta da antigüidade que ele admira - disposto a guiá-lo por um caminho alternativo. Virgílio foi chamado por Beatriz, paixão da infância de Dante, que o viu em apuros e decidiu ajudá-lo. Ela desceu do céu e foi buscar Virgílio no Limbo. O caminho proposto por Virgílio consiste em fazer uma viagem pelo centro da terra. Iniciando nos portais do inferno, atravessariam o mundo subterrâneo até chegar aos pés do monte do purgatório. Dali, Virgílio guiaria Dante até as portas do céu. Dante então decide seguir Virgílio que o guia e protege por toda a longa jornada através dos nove círculos do inferno, mostrando-lhe onde são expurgados os diferentes pecados, o sofrimento dos condenados, os rios infernais, suas cidades, monstros e demônios, até chegar ao centro da terra, onde vive Lúcifer. Passando por Lúcifer, conseguem escapar do inferno por um caminho subterrâneo que leva ao outro lado da terra, e assim voltar a ver o céu e as estrelas.Síntese: Purgatório
Saindo do inferno, Dante e Virgílio se vêem diante de uma altíssima montanha: o Purgatório. A montanha é tão alta que ultrapassa a esfera do ar e penetra na esfera do fogo chegando a alcançar o céu. Na base da montanha encontram o ante-purgatório, onde aqueles que se arrependeram tardiamente dos seus pecados aguardam a oportunidade para entrar no purgatório propriamente dito. Depois de passar pelos dois níveis do ante-purgatório, os poetas atravessam um portal e iniciam sua nova odisséia, desta vez subindo cada vez mais. Passam por sete terraços, cada um mais alto que o outro, onde são expurgados cada um dos sete pecados capitais. No último círculo do purgatório, Dante se despede de Virgílio e segue acompanhado por um anjo que o leva através de um fogo que separa o purgatório do paraíso terrestre. Finalmente, às margens do rio Letes, Dante encontra Beatriz e se purifica, banhando-se nas águas do rio para que possa prosseguir viagem e subir às estrelas.Síntese: Paraíso
O Paraíso de Dante é dividido em duas partes: uma material e uma espiritual (onde não há matéria). A parte material segue o modelo cosmológico de Ptolomeu e consiste de nove círculos formados pelos sete planetas (Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno), o céu das estrelas fixas e o Primum Mobile - o céu cristalino e último círculo da matéria. Ainda no paraíso terrestre, Beatriz olha fixamente para o sol e Dante a acompanha até que ambos começam a elevar-se, "transumanando". Guiado por Beatriz, Dante passa pelos vários céus do paraíso e encontra personagens como São Tomás de Aquino e o imperador Justiniano. Chegando ao céu de estrelas fixas, ele é interrogado pelos santos sobre suas posições filosóficas e religiosas. Depois do interrogatório, recebe permissão para prosseguir. No céu cristalino Dante adquire uma nova capacidade visual, e passa a ter visão para compreender o mundo espiritual, onde ele encontra nove círculos angélicos, concêntricos, que giram em volta de Deus. Lá, ao receber a visão da Rosa Mística, se separa de Beatriz e tem a oportunidade de sentir o amor divino que emana diretamente de Deus, "o amor que move o Sol e as outras estrelas".
Fontes: Enciclopédias [Encarta
97] e [Larousse 98]. Traduções
da Divina Comédia de Dante [Mauro
98], [Musa 95].
Le Ton Beau de Marot - In praise of the music of language
de Douglas Hofstadter - físico, escritor, tradutor e especialista em
inteligência artificial, vencedor do prêmio Pulitzer pelo livro Gödel, Escher, Bach - An Eternal Golden Braid.
Em um dos capítulos do seu livro dedicado à arte da tradução,
Hofstadter comenta sobre a poesia de Dante e faz uma análise crítica de
várias traduções de sua obra em língua inglesa.